Quando os ingleses colonizaram o mundo, levaram consigo as mordomias de casa, recriando o seu universo, razão pela qual encontraremos edições de vários «Heralds» e «Punchs» por todo esse império. Nessas regiões eles queriam os seus jornais e introduziram, ao mesmo tempo, a imprensa e o humor gráfico.
Os portugueses levavam apenas a sua mala de cartão, tentando regressar com ela cheia de ouro e pouco mais, por isso, a imprensa nas nossas colónias sempre seria pobre. Quando se iniciaram as guerras pela independência, Angola destacar-se-ia pela sua força jornalística (e humorística) enquanto Moçambique acabaria por ser sempre mais modesta.
Nesse passado, temos notícias de Nesse passado, temos notícias de artistas do continente que por lá passaram como o passaram como o Manuel Santana, Joaquim Correia Vilela e Francisco Pacheco na década de quarenta. Mais a norte, ou seja, na Beira, o ferroviário Celestino Fenes Pereira criaria na década de sessenta / setenta o primeiro anti-herói moçambicano «Zé Matope», o qual seria substituído, depois da independência pelo «Xiconhoca», criado por um colectivo da FRELIMO. A partir daí, têm aparecido trabalhos assinados por Sérgio Tique, Macassa, Corsino, Magaia, Zetó, Sendane, Crisóstomo, Neivaldo, Zorito e Sérgio Zimba que me responderia às seguintes questões:
Pode-se dizer que há um humor moçambicano? «Além da influência portuguesa, o humor moçambicano tem várias influências nativas dependendo das várias regiões do país. Julgo que não há um humor especial de Moçambique mas existem diversas formas de encarar o humor. Há aquele humor que pode agradar a pessoas do centro do país, por exemplo, e as do Norte ficarem indiferentes, mas é preciso dizer que existe também o humor expresso em cenas teatrais que de uma forma geral agrada a todos.
O humor aqui acaba por se manifestar em todas as vertentes artísticas, mas é no teatro e em certas comédias televisivas que está mais exposto. As pessoas também apreciam o desenho humorístico, pena é que sejamos pouquíssimos»
Mas há jornais onde se possa publicar? «Infelizmente, aqui em Moçambique não se dá o devido valor que o cartoonismo merece. Alguns jornais publicam, assim como há editores de jornais que censuram ou rejeitam-nos os trabalhos. Tenho colaborado com Instituições públicas, elaborando cartoons educativos, BD, cartazes… Num país onde existe ainda um grande número de analfabetos, o desenho ajuda, em grande medida, a passar a informação».
Nos teus cartoons o que privilegias? «As minhas mensagens, antes do mais, visam por as pessoas a abrirem os rostos num riso ou sorriso franco, para distenderem as tensões da vida e ao mesmo tempo corrigirem comportamentos».
Há liberdade de expressão e pensamento? «Depende daquilo que se pode chamar de TOTAL liberdade de expressão. Julgo que a imprensa está livre, mas obviamente o Estado está atento para não ser posto em causa».
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