Era uma vez um grupo de Pedros da Lousã, que há um ror de tempo ansiavam desfilar de arco e balão pelas ruas da vila na noite do seu santo onomástico. Especialmente porque queriam mostrar quer “não era por pirraça que não iam bailar na Praça”, como era cantado nos versos da marcha dos Antónios:
É o dia dos Antónios
(a seguir são os Joões),
E os Pedros, por pirraça,
não querem bailar na Praça
com foguetes e balões.
Eles até queriam. Mas eram tão poucos…
Inspirados, seguramente, pelas marchas que, nesse tempo, desfilavam em Lisboa nessa quadra festiva, os Antónios foram quem inaugurou na vila da Lousã um ciclo de marchas populares em meados do século passado. Com o valioso contributo dos saudosos e queridos lousanenses, o poeta António Victor e o músico e compositor João Poiares Malta. Acontecimento que, noticiado no “O Povo da Lousã”, único jornal que então aqui se publicava, ocorreu em 12 de Junho de 1949(no livro “O Poeta Lousanense António Victor”, da autoria de José Ricardo de Almeida, pg. 321).
Os Joões também já davam um ar da sua graça, entoando
Rapazes foliões
e airosas raparigas
olhai os nossos Joões
encolhendo as barrigas
neste caso, por obra e engenho do mesmo António Victor e de João Mateus Poiares, regente da Filarmónica.
Os Pedros, apesar de quase uma dúzia, desunharam-se a ensaiar durante noites seguidas, com empenho e dedicação, na sede do Desportivo Lousanense ( nessa altura no rés-do-chão do edifício da Pensão Bem-Estar), uma melodia dos mesmos autores da marcha dos Antónios, e propunham-se:
Vão os Pedros no Cortejo
Esta noite tudo canta
Vão as notas num desejo
Canção sonho e beijo
Em cada garganta.
Só que, às tantas, decorriam os ensaios a bom ritmo, sabe-se, no dia 22 de Junho de 1959, do falecimento do então presidente da Câmara, dr. Pedro Mascarenhas de Lemos. Num gesto de homenagem e de resignação solidária, os Pedros resolvem pôr gravata preta e mandar para as calendas gregas o texto e a música que tanto trabalhinho haviam dado a decorar. Obviamente chateados, porque eram poucos…Impantes e foliões os Antónios continuaram na sua:
E os Pedros, por pirraça,
não querem bailar na Praça
com foguetes e balões.
Pedro Júlio Malta, cofundador do Trevim
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