José Oliveira
Um oferece as telhas, dois assentam os tijolos, três…
E assim nascem ou se ampliam as instalações de uma associação de aldeia, mercê do espírito cooperativo do nosso povo, uma das suas mais ricas características. Mas o esqueleto de ‘ferro’ que tem de sustentar vigas e pilares está na conformidade do esforço a que vai estar sujeito? Os materiais de acabamento e os equipamentos instalados são os adequados e estão compatíveis entre si? As portas e janelas (e escadas, etc.) estão dimensionadas de acordo com as necessidades de segurança, mormente em caso de emergência?
Na associação de Vila Nova da Rainha (Tondela), onde no passado sábado se concentravam algumas dezenas de pessoas (na passagem de ano juntaram-se trezentas!) faleceram oito cidadãos, devido a um incêndio originado pela imprudente proximidade entre a chaminé de uma salamandra e os materiais altamente inflamáveis com que fora feito um tecto falso. Porém, concluídos os relatórios das autópsias às vítimas, constata-se que ninguém pereceu por acção directa do fogo, fosse por queimadura ou inalação de fumo. Todos morreram devido à compressão de uns sobre os outros, na ânsia de alcançarem a rua, coisa que não conseguiram pela simples razão de que a porta principal abria para dentro, portanto mais e mais atravancada, na medida da chegada de um e mais outro. Trágica ironia: quem ansiava por abrir a porta, era quem impedia isso.
A responsabilidade desta tragédia não é de quem se empenhou de alma e coração e força de braços no acto de erguer, ampliar, melhorar e manter aquela estrutura social, num esforço espontâneo, aparentemente sem conhecimento suficiente das regras essenciais de segurança. Mas alguém tem de acompanhar (não por frete, mas com carinho) estas manifestações de vontade colectiva, garantindo que as opções de materiais e de funcionalidade cumprem as regras básicas de segurança. Aplicar uma porta a abrir para fora, custa pouco mais do que a abrir para dentro.
Como estamos, nesta matéria, no concelho da Lousã? Associações, restaurantes, etc. todos cumprem as regras de protecção civil?
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